domingo, 4 de julho de 2010

Agostinho Pinto analisa época inesquecível do basquetebol cepeenista




SECÇÃO: Desporto
Agostinho Pinto analisa época inesquecível do basquetebol cepeenista Mesmo estando a atravessar um dos períodos mais críticos da sua história o CPN continua – no plano desportivo – a cantar vitórias nos quatro cantos do nosso Portugal. Exemplo disso foi a magnífica temporada realizada pela secção de basquetebol, na qual se sublinha a presença em duas fases finais de campeonatos nacionais, um título nacional, e muitos, muitos mais êxitos que enchem de orgulho a família cepeenista, e em particular o timoneiro do basket Agostinho Pinto. E foi precisamente com ele que o nosso jornal efectuou uma pequena conversa no sentido de analisar aquela que será, com toda a certeza, uma época inesquecível.

Fotos MANUEL VALDREZA Voz de Ermesinde (VE): 2009/10 ficará na história do CPN como uma das épocas mais gloriosas para a secção de basquetebol. Ao título nacional de seniores femininos podemos juntar o ceptro distrital de iniciadas, a chamada de jogadoras de vários escalões aos trabalhos das selecções nacionais e distritais, bem como a presença em fases finais de campeonatos nacionais e distritais. E tudo isto aconteceu num dos piores momentos da vida do CPN enquanto instituição desportiva. Como se explica este caso ímpar do desporto nacional?Agostinho Pinto (AP): Há que sublinhar acima de tudo que da nossa parte foi feita uma grande aposta nos escalões de formação, em particular no de iniciadas. Há três anos atrás deixei o comando da equipa sénior para ir treinar as iniciadas porque na altura estávamos a ter um abaixamento muito grande ao nível de qualidade. Fizemos então a aposta de as iniciadas terem um treinador mais experiente de modo a repor os níveis de qualidade patenteados outrora... VE: ... O ponto de partida foi então fazer um trabalho de base ao nível das iniciadas e dai em diante reforçar os escalões seguintes com esta fornada de novas jogadoras...AP: Foi o que aconteceu, trabalhámos muito durante estes três anos e a título de exemplo posso referir que esta época conseguimos levar quatro atletas à selecção distrital de iniciadas, o que no CPN era uma coisa usual mas nos últimos três anos não estava a acontecer de uma forma tão regular devido aos tais baixos níveis de qualidade que apresentávamos neste escalão. Quatro atletas que diga-se de passagem foram campeãs nacionais pela selecção distrital da Associação de Basquetebol do Porto (ABP), e desde que existem as Festas do Basquetebol (competição nacional que reúne várias selecções distritais do país) esta é a primeira vez que a selecção do Porto vence, sendo que aqui há a coincidência de nesta primeira vitória da ABP o CPN ser o clube que mais atletas forneceu à equipa. É um trabalho que está bem assente e que vai dar frutos. A equipa de iniciadas veio dar-nos uns alicerces muito bons para o futuro. É um grupo de jogadoras que para o ano vai melhorar muito a equipa de cadetes sem deixar que o escalão de iniciadas perca qualidade. VE: Isto se entretanto elas não sairem para outras paragens... AP: À priori elas vão continuar, pois gostam de cá estar. Inclusive há atletas de outros clubes que querem vir para cá. De há uns anos para cá os atletas é que procuram o CPN, uma vez que somos um clube de referência no basquetebol nacional. E quem nos procura são atletas com ambição no basket, que querem crescer como jogadoras, algumas oriundas de outras cidades até, e isto acontece não só pelo prestígio do CPN como também pelo facto de já me conhecerem das selecções distritais (Agostinho Pinto é também seleccionador distrital ao nível das camadas jovens). VE: Os títulos que o CPN tem arrecadado também têm sido um bom cartão de visita para que essa procura exista por parte de atletas de outras paragens, não?AP: Sim, posso dizer que desde o princípio da década de 90 fomos a 24 fases finais de campeonatos nacionais, fomos por 25 ocasiões campeões distritais (em vários escalões). Aliás, somos o clube do distrito do Porto com mais títulos distritais conquistados.
Foto CPN/BASQUETEBOLVE: Qual a fórmula do sucesso? Se é que existe alguma...AP: O segredo é trabalhar no terreno, e depois rodear-mo-nos de pessoas competentes na secção que façam o trabalho mais invísivel de modo a que eu posso concentrar-me apenas nos treinos. E aqui tenho de fazer um elogio a duas pessoas que têm sido muito importantes para a secção ao longo dos últimos anos, nomeadamente o Renato Horta e o Sérgio Melo. Além disso isto é um trabalho que só é passível de ser feito porque o clube tem excelentes condições de trabalho. VE: E voltando à parte da pergunta inicial onde dizia que este trabalho de excelência do basquetebol, por assim dizer acontece numa das piores fases da vida do clube...AP: Independentemente de todas as dificuldades que actualmente existem penso que o CPN clube tem todas as condições para continuar a somar êxitos. Temos uma massa humana enorme, tanto o basket, como o andebol, ou a natação, e isso não há dinheiro nenhum que compre.Estamos bem colocados (geograficamente), temos boas instalações, e como tal o clube tem pernas para andar. Aproveito aliás para fazer aqui um apelo às forças vivas de Ermesinde, as que gostam do CPN, para que nos apoiem e ajudem a levar o clube para a frente. Volto a dizer que o CPN tem pernas para andar, se não acreditasse nisso não estava aqui.VE: E oportunidades para sair não lhe devem faltar, ou não fosse Agostinho Pinto um dos treinadores mais titulados do basquetebol nacional...AP: Ao longo dos anos eu tive muitos convites de vários clubes não só de Portugal como também de Espanha. Mas o amor ao CPN acabou sempre por falar mais alto. Este ano, por exemplo, posso dizer-lhe que tive imensos convites para ir treinar tanto equipas masculinas como femininas, mas sinceramente o que mais gostaria era continuar aqui e levar este clube ainda mais longe, tornar o CPN numa das maiores referências do basquetebol nacional. VE: Voltando à performance das várias equipas do clube ao longo da temporada, as seniores fizeram uma temporada imaculada na 2ª Divisão Nacional. Foram campeãs de forma invicta, e isto depois de uma época (2008/09) em que não competiram.AP: Sim, tentámos construir uma equipa com uma mescla de experiência e juventude. Fizemos regressar algumas jogadoras que já cá tinham estado, casos da Raquel Jacinto, da Sofia Santos, da Isabel Monteiro e da Catarina Gonçalves, e a estas juntámos outras atletas mais jovens vindas de outras paragens. Depois de uma primeira fase fácil acabámos por ter algmas dificuldades na fase final, e isso por nossa culpa, porque achámos que iriamos ganhar facilmente o título. Houve algum facilitismo da nossa parte, tenho de admitir. Mas nos momentos de maior aperto conseguimos através da experiência e qualidade da nossa equipa ultrapassar essas mesmas dificuldades e vencer o campeonato. VE: A conquista deste título garantiu desde logo o passaporte ao CPN para a 1ª Divisão Nacional da próxima temporada. Fica assim cada vez mais perto o ambicionado regresso ao campeonato da Liga Feminina? AP: Neste momento estamos a tratar de formar uma equipa competitiva para a 1ª Divisão, sem estar obececados com o regresso à Liga Feminina a curto prazo, pois esta situação de crise que o clube vive dita esta cautela. Neste momento não posso dizer que vamos lutar para subir à Liga Feminina já neste próximo ano, o que digo é que vamos arranjar uma equipa competitiva, constituída por uma mescla de experiência e juventude. E um dos nossos objectivos é que as atletas iniciadas que vão subir a cadetes na próxima época possam no seu ano de júniores ser peças importantes na equipa sénior num futuro próximo.
VE: Por falar em cadetes e júniores há que dizer que estas últimas também realizaram uma época muito boa, onde a ida à fase final do Nacional escapou por um triz...AP: Assim foi. As júniores muito sinceramente excederam as nossas expectativas. Podíamos ter ganho o Campeonato Distrital, recordo que o perdemos com um triplo a segundos do fim, além de que lutámos até à última jornada pela ida à fase final do Nacional. E só lá não fomos por dois factores, em primeiro porque o plantel era curto em qualidade, e em segundo algumas jogadores acumulavam “funções” na equipa de seniores, o que lhes provocou algum desgaste físico a determinada altura. No entanto, neste grupo das júniores tivemos três atletas que foram chamadas à selecção nacional da categoria, nomedamente a Margarida Pimenta, a Inês Pinto e a Joana Jesus, sendo que estas duas últimas estão entre as 15 pré-convocadas para ir representar Portugal no próximo Campeonato da Europa. VE: E as cadetes?AP: As cadetes eram a equipa mais fraca do CPN, um bocado fruto daqueles três anos em que se trabalhou menos bem nos escalões seguintes aos de iniciadas. Foi um ano difícil porque as miúdas formavam uma equipa menos dotada em termos de qualidade, o que gerou algum desânimo entre elas durante a temporada. No entanto, no próximo ano esta equipa de cadetes vai já contar com algumas atletas vindas do escalão de iniciadas, e estou certo de iremos realizar uma temporada muito melhor do que esta.
Por: Miguel Barros

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